domingo, 12 de outubro de 2008

Segundo momento
No Irani fomos recebidos por Vicente Telles. Nas imediações de sua casa está o Cemitério do Contestado, muito antigo, já existente no combate de 1912. O corpo do coronel paranaense João Gualberto, morto em combate, permaneceu ali alguns dias, até ser levado a Palmas-PR e de lá a Curitiba, onde ganhou sepultura definitiva. Existe registro oficial (Processo de Irani, Palmas, 1912) do sepultamente de caboclos combatentes no cemitério existente nos fundos de uma antiga igreja (a mesma em que o monge José Maria rezou uma missa “muito bem rezada”). A importância do local é evidente, tanto histórica como atual, visitado por familiares cujos antepassados estão enterrados ali.
Pois bem: ao longo de diversas viagens a Irani, fiz registros fotográficos desse cemitério. Os túmulos rodeados de dezenas de pés da popular iuca-mansa ou agulhão-de-adão, cientificamente conhecida por Yucca filamentosa L. (Família Liciaceae). Elas permanecem a maior parte do ano sem floração, mas quando chega o verão os cachos de flores brancas despontam. A cada Dia de Finados, 2 de novembro, elas estão no auge, exuberantes. Ocorre que uma recém-contratada pela Prefeitura Municipal, achou horríveis aquelas folhas pontudas e sem flores, determinando que fossem cortadas. Todas! Os túmulos foram mexidos e deixados como se fossem canteiros, prontos para receber mudas de alfaces. A sorte é que a Yucca filamentosa é teimosa e mantém brotos nas raízes. Eles vão crescer e as flores haverão de retornar a cada novo verão, se não no que se aproxima, no próximo certamente. As fotos mostram os diferentes momentos da presença da planta de raro cultivo no Cemitério do Contestado (Irani).

















Plim-plim!





Um comentário:

  1. Celso, sua saga em busca da História do Contestado e seus personagens-sujeitos é de uma sensibilidade dos historidaores comprometidos com a memória, e me cativa. Desde quando fazia aulas na FAED, este tema estava à flor da pele, e agora disponibilizadas ao público estas preciosidades em forma de imagens e depoimentos. Fico parada olhando as fotografias - na época eram uma raridade, um acontecimento fazer-se fotografar - de homens, mulheres, crianças, e imagino que tinham sonhos, desejavam um mundo melhor, terra, respeito. E a flor do cemitério? Impressionante, eu não conhecia, parece algodão, lindas! O cemitério com túmulos cercados de táboas, cuidado, gramado - coisa da sensibilidade de quem não quer esquecer, de guarda da memória e da História.
    Parabéns, Celso!
    Marlene de Fáveri (tua fã)

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