Festa de Santo Antão (6)
Leituras
Heranças da religiosidade popular nas manifestações da cultura: A construção do sagrado no discurso dos fiéis do monge João Maria no Paraná, escrito por Karina Janz Woitowicz e Sérgio Luiz Gadini, publicado na Revista Internacional de Folkcomunicação. Vol. 1, No 5 (2005).
Através de uma perspectiva jornalística e etnográfica, os autores buscam identificar "os traços de religiosidade popular que marcam a crença em personagens considerados sagrados por fiéis em um determinado tempo e contexto histórico". Partem da trajetória dos monges João Maria de Agostini, João Maria de Jesus e José Maria, "confundidos na memória do povo paranaense como líderes que percorreram o sertão do sul do Brasil entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX". O objetivo é "compreender o modo como estas figuras místicas se inscreveram na história das cidades por onde passaram, deixando assim uma herança cultural que se manifesta através de lendas, cruzes plantadas, olhos d’água, milagres, ex-votos e estórias diversas que somam a crença religiosa à crítica social". Com base na "presença e na influência dos valores do chamado ‘catolicismo rústico’" é possível "ver e compreender parte da história muitas vezes ignorada pelos discursos oficiais e explicar determinadas marcas da identidade cultural dos paranaenses no imaginário coletivo através da comunicação popular."
Através de uma perspectiva jornalística e etnográfica, os autores buscam identificar "os traços de religiosidade popular que marcam a crença em personagens considerados sagrados por fiéis em um determinado tempo e contexto histórico". Partem da trajetória dos monges João Maria de Agostini, João Maria de Jesus e José Maria, "confundidos na memória do povo paranaense como líderes que percorreram o sertão do sul do Brasil entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX". O objetivo é "compreender o modo como estas figuras místicas se inscreveram na história das cidades por onde passaram, deixando assim uma herança cultural que se manifesta através de lendas, cruzes plantadas, olhos d’água, milagres, ex-votos e estórias diversas que somam a crença religiosa à crítica social". Com base na "presença e na influência dos valores do chamado ‘catolicismo rústico’" é possível "ver e compreender parte da história muitas vezes ignorada pelos discursos oficiais e explicar determinadas marcas da identidade cultural dos paranaenses no imaginário coletivo através da comunicação popular."
"Considerações Finais
Essa série de relatos, depoimentos, informações, além das imagens, fotografias, mensagens afixadas nas grutas, olho d’água e locais de homenagem ao Monge ilustram basicamente duas questões. Em primeiro lugar, essas crenças sobrevivem à revelia ou paralelamente à presença e descaso oficial, seja por parte do Estado, das igrejas tradicionais ou mesmo da racionalidade lógica que parece predominar nos modos de ser, pensar e agir de boa parte da população brasileira, geralmente sintetizada no padrão classe média de consumo.
Em segundo lugar, a crença dessas milhares de pessoas, que de algum modo partilham e reconhecem um poder de ação mística – religiosidade para além das religiões dominantes – ao que tudo indica já existiu ou continua existindo independentemente da indiferença (descaso ou ausência) da ação dos principais espaços midiáticos. Raramente, e bem diferente de outros setores que envolvem e atraem pessoas na vida social, o cotidiano desses espaços de visitação e homenagem pública são pautados ou sequer agendados pela grande maioria dos jornais,emissoras de rádio, internet ou televisão, seja em nível local das cidades onde esses locais recebem visitas de devotos de diferentes regiões e tampouco da mídia regional ou estadual.
Em terceiro lugar, essas manifestações de crenças religiosas, expressas em comportamentos e ações de devoção a uma das figuras que historicamente foi desconsiderada, quando não visivelmente desprezada pelos poderes oficiais instituídos, indica a presença viva de manifestações próprias da cultura popular que se relacionam com o sagrado, de modo sincrético, e que, ao mesmo tempo, legitimam essas expressões folkcomunicacionais, espontâneas, sem controle social prévio e, pelo que se pode verificar no que diz respeito às crenças no Monge Maria, também passam a estabelecer relações próprias e individuais de comunicação sustentadas na lógica da representação do que aqui se denomina de 'religiosidade rústica'”. Confira a íntegra do texto.
Essa série de relatos, depoimentos, informações, além das imagens, fotografias, mensagens afixadas nas grutas, olho d’água e locais de homenagem ao Monge ilustram basicamente duas questões. Em primeiro lugar, essas crenças sobrevivem à revelia ou paralelamente à presença e descaso oficial, seja por parte do Estado, das igrejas tradicionais ou mesmo da racionalidade lógica que parece predominar nos modos de ser, pensar e agir de boa parte da população brasileira, geralmente sintetizada no padrão classe média de consumo.
Em segundo lugar, a crença dessas milhares de pessoas, que de algum modo partilham e reconhecem um poder de ação mística – religiosidade para além das religiões dominantes – ao que tudo indica já existiu ou continua existindo independentemente da indiferença (descaso ou ausência) da ação dos principais espaços midiáticos. Raramente, e bem diferente de outros setores que envolvem e atraem pessoas na vida social, o cotidiano desses espaços de visitação e homenagem pública são pautados ou sequer agendados pela grande maioria dos jornais,emissoras de rádio, internet ou televisão, seja em nível local das cidades onde esses locais recebem visitas de devotos de diferentes regiões e tampouco da mídia regional ou estadual.
Em terceiro lugar, essas manifestações de crenças religiosas, expressas em comportamentos e ações de devoção a uma das figuras que historicamente foi desconsiderada, quando não visivelmente desprezada pelos poderes oficiais instituídos, indica a presença viva de manifestações próprias da cultura popular que se relacionam com o sagrado, de modo sincrético, e que, ao mesmo tempo, legitimam essas expressões folkcomunicacionais, espontâneas, sem controle social prévio e, pelo que se pode verificar no que diz respeito às crenças no Monge Maria, também passam a estabelecer relações próprias e individuais de comunicação sustentadas na lógica da representação do que aqui se denomina de 'religiosidade rústica'”. Confira a íntegra do texto.
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Outro trabalho importante é o de Gilberto Tomazi, mestre em Ciências da Religião (PUC-SP), intitulado A mensagem de "São" João Maria: e sua ressignificação na experiência religiosa do Contestado. Tomazi constata que "depois de quase um século, a comunidade cabocla ainda encontra nele um sentido, uma inspiração e uma mística que lhe permitem viver no presente de maneira solidária, enfrentando a dura realidade em que se encontra, confiante em dias melhores". Confira a síntese da dissertação defendida em maio de 2005, no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC-SP, com o título A mística do Contestado: a mensagem de João Maria na experiência religiosa do Contestado e dos seus descendentes, sob a orientação do professor José J. Queiroz. Fonte: Revista Último Andar, São Paulo, (14), 109-126, jun., 2006.
Cenas da 161ª Festa de Santo Antão (Santa Maria-RS).
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