quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A religiosidade de São João Maria (1)

Festa de Santo Antão (1ª parte)

Alfeu Borin, presidente da comissão
organizadora da Festa de Santo Antão.



Alfeu Borin é um sujeito calmo e de poucas palavras, observador, atento, autentico representante da hospitalidade que caracteriza os habitantes de Santo Antão, distrito de Santa Maria-RS, a 15 quilômetros do Centro da cidade. Com 59 anos de idade, Alfeu preside a comissão que organiza anualmente a Festa de Santo Antão, criada em 1848 pelo monge José Maria de Agostini, o italiano que perambulou pelos sertões do Sul do Brasil no século 19.

Fomos encontrá-lo no início da tarde do último sábado, 10 de janeiro (2009), em frente à capela de Santo Antão, minutos antes de despencar copioso temporal, com raios e trovoadas. Ele coordenava os preparativos finais para a 161ª Festa de Santo Antão e pode iniciar uma série de conversas realizadas nos intervalos dos compromissos. Impedidos de deixar o adro da capela devido à forte chuva, Alfeu aproveitou para explicar um pouco da geografia do lugar.

– A chuva que escorre por um dos lados do telhado alcança o rio Jacuí e chega ao Guaíba, se ligando a Lagoa dos Patos. A que escorre pelo outro lado desce por outro vale e se dirige para Uruguaiana. Estamos num divisor de águas.

Olhando o horizonte na direção de Boca do Monte explica que provem daqueles lados as piores tempestades na região.

– Se a tempestade for para um lado ou para o outro, não acontece nada por aqui. Só quando ela vem de frente, como está acontecendo agora.

A chuva acalmou. Outras pessoas apareceram, mulheres, homens e crianças, voluntários na organização do evento. Enquanto uns concluem a decoração da capela para o terceiro tríduo da programação, outros fazem as cucas, merengues (semelhante ao suspiro em Santa Catarina), bolos, cocadas e outros doces. As crianças perambulam pelas imediações, fazem poses para as fotos.

Os homens estão concentrados no corte dos 746 quilos da carne obtidos com o abate de quatro cabeças de gado, colocados em cerca de 500 espetos feitos de taquaras (bambus), cobertos de sal grosso. Outros 75 quilos de frango e 60 quilos de suíno foram espetados e deixados prontos para o dia seguinte. Outros 40 quilos de risoto e 40 quilos de partéis de carne moída estão em preparo. Aos poucos os estranhos começaram a tornar-se conhecidos – são todos de alguma forma ligados ou membros da família Borin, cuja chegada ao Brasil e envolvimento direto com a Festa de Santo Antão será comentado mais a frente.

Tendo viajado quase 800 quilômetros para registrar a festividade iniciada por São João Maria, não pude nesse primeiro dia alcançar o alto do cerro onde se localiza uma ermida, onde fica a imagem de Santo Antão - ela é deslocada em procissão para capela na meia encosta dias antes da Festa. A forte chuva impedia qualquer tentativa. Foi preciso aguardar o dia seguinte para efetuar a subida.













Biografia

Saiba mais sobre Santo Antão no site "Padres do Deserto" - uma biografia escrita por Santo Atanásio de Alexandria.


Confira

A 161ª Festa de Santo Antão recebeu cobertura da imprensa local.

O jornal Diário de Santa Maria saiu com o seguinte título: "Fé em Santo Antão - Festa no distrito de Santa Maria ocorre há 161 anos". (12.1.2009)

Outro jornal, A Razão, na edição de 12.1.2009 (segunda-feira), também trouxe matéria intitulada "Procissão no sopé do morro" com uma linha de apoio: "Festa de Santo Antão reuniu fiéis no distrito que fica a 15 quilômetros do Centro de Santa Maria".

Nenhum comentário:

Postar um comentário