quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

José Fabrício das Neves (35)

Os papéis de Miguel e Thomaz Fabrício das Neves (3)

Thomaz Fabrício das Neves.
Acervo: Thomaz Oliveira Neves (Palmas-PR)



Palmas-PR, 29 de abril de 1913. Audiência. Presentes o juiz Júlio Abelardo Teixeira, o escrivão, o promotor Augusto de Souza Guimarães, e os “indiciados” Miguel Fabrício das Neves e Thomaz Fabrício das Neves. Dos 63 indiciados no Processo do Irani, somente os dois foram presos.


Sexta testemunha. João Antônio da Roza, 44 anos, casado, negociante, natural do Rio Grande do Sul, residente em Palmas [distrito do Irani], sabendo ler e escrever. Era genro de Miguel Fabrício das Neves, sendo por isso dispensado da “promessa legal”.

Revelou que “em dias de outubro” de 1912, chegou um monge ao Irani, chamado José Maria de Castro Agostinho, acompanhado por 40 homens “armados de Winchester”, sendo hospedados na casa de Thomaz Fabrício das Neves. Vieram de Campos Novos perseguidos. Muitos moradores do Irani permaneceram ao lado do monge até a data do combate. Na manhã do dia 22 de outubro, João Roza viu passar pela frente de sua casa “um grupo de cavalheiros, vindo na frente montado em um cavalo branco o Monge José Maria que ia abanando uma espada”.

Estava acompanhado por 80 a 100 homens, “tendo mais gente adiante”. Na seqüência ouviu de sua casa as descargas de tiros vindas do Banhado Grande. No dia seguinte resolveu “seguir para a cidade [Palmas] afim de dar parte as autoridades do ocorrido e passou pelo lugar em que se deu o combate”, tendo se deparado com 17 cadáveres, entre eles o de João Gualberto, “que achava-se fardado em um uniforme amarelo e o célebre Monge que achava-se para dentro de uma cerca”. (Processo do Irani-PI, fls 240b, 241, 242)


Sétima testemunha. João Pedrozo de Camargo, 55 anos, casado, lavrador, natural de São Paulo, residente em Palmas-PR, não sabia ler nem escrever.

Dada a palavra ao promotor, foram feitas algumas perguntas, às quais a testemunha respondeu: sabia, “por lhe constar, que Luiz, filho de João Luiz, foi ferido no combate”; que foi morto um filho de Bento Manoel dos Santos (Bento Quitério); “que não sabe nem lhe consta” que Miguel e Thomaz Fabrício das Neves “tivessem tomado parte no combate referido ou dado qualquer auxílio ao monge”. A palavra foi dada a Miguel e Thomaz e estes nada tinham “a contestar”.


Oitava testemunha. Braz da Costa Varella, 37 anos, casado, criador, natural de Santa Catarina, residente em Palmas-PR, sabendo ler e escrever.

Estava em Lages na ocasião do combate. Soube dos fatos por “diversas pessoas que daqui foram para lá”. Não sabe quem se envolveu com o monge, nem mesmo por ouvir dizer, se referindo também aos denunciados. Ignorava o intuito de José Maria ao ir para o Irani. “Disse mais que conhece os denunciados presentes há menos de um ano e que no lugar onde reside sempre foram tidos como homens de boa conduta e trabalhadores”. O promotor não quis fazer perguntas. Os denunciados nada disseram. (PI, fls 243)


Décima testemunha. Heleodoro Pereira da Silva, 35 anos, casado, negociante, natural do Rio Grande do Sul, residente em Palmas-PR, sabendo ler e escrever.

Sobre quem havia prestado auxílio ao monge respondeu que “os denunciados presentes”, José Fabrício das Neves, José Alves Perão, Dezidério Alves Perão, Praxedes Gomes [Damasceno], Raphael de Brum, Sebastião Baiano, Venâncio Lageano, Antônio Germano, Emiliano Glória, João Lemes, João Bello, Mathias Ermelindo e Clementino Gonçalves. Tomaram parte do combate: Emiliano Glória e um irmão cujo nome desconhece; Zózimo de Tal; "Luiz de Tal, filho de João Luiz" [...]; e José Fabrício das Neves.

Perguntado pelo promotor respondeu não saber se os denunciados presentes tomaram parte no combate. O julgamento foi suspenso. (PI, fls 248b-250)

(Segue)

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